Santo Aurélio
Onde e quando nasceu Aurélio, não se tem registro. As informações sobre
ele aparecem a partir de 388, quando vivia em Cartago, era apenas um diácono e
amigo do futuro santo e doutor da Igreja, Agostinho. Em 391, este último era o
bispo da Hipona, atual Annaba, na Argélia, enquanto Aurélio tornava-se o bispo
de Cartago.
Ele foi considerado um dos principais líderes da Igreja na chamada
"província da África", que ocupava a faixa norte do continente,
exceto o Egito. Encontrou essa Igreja em ruínas, pois enfrentara um cisma no
início do século. A crise explodira no fim da perseguição romana aos cristãos,
quando o bispo da Numídia, Donato, se declarara uma força política e religiosa.
Dizia que viera para purificar a Igreja, separando-a do mundo profano e do
Império Romano. Os que ficaram ao seu lado foram chamados donatistas, hereges
que se opunham aos católicos.
Instaurava-se uma crise e um cisma que só viria terminar com a morte de Donato,
na deportação em 355. Os seus seguidores dividiram-se internamente. Nessa
situação, Aurélio e seu amigo encontraram uma Igreja devastada, fiéis com uma
apatia generalizada, pobre de fé assim como de obras. A doutrina fora
esquecida, os templos serviam também para festas e banquetes, com muitos monges
recusando-se a trabalhar.
Aurélio engajou-se, então, na reforma da Igreja e na revitalização dos costumes
morais, dos ritos e da doutrina católica. Diante do estado de ânimo daquela
gente, Aurélio mostrou-se um pai caridoso, preocupado e sábio. E foi durante o
Concílio de Hipona que Aurélio mostrou-se ainda mais cordial e acolhedor para
com os antigos bispos donatistas. A todos esses, desejosos de retornarem ao
seio da Igreja, junto com seus fiéis, Aurélio devolveu o sacerdócio, inclusive
aos fiéis batizados durante o cisma. Dessa forma, Aurélio conseguiu resolver
uma das mais grandes crises disciplinares que a Igreja enfrentou.
Bispo Aurélio morreu no ano de 430, na sua sede episcopal de Cartago, no mesmo
ano em que também morria seu amigo Agostinho. Contudo, para a Igreja da chamada
"província da África", apenas começava mais um novo, obscuro e
sangrento período, marcado pela invasão dos bárbaros vândalos.
Santa Margarida
Margarida nasceu no ano 275, na
Antioquia de Pisidia, uma florescente cidade da Ásia Menor. Órfã de mãe desde
pequena e filha de um sacerdote pagão e idólatra, Margarida tinha tudo para
jamais aproximar-se de Deus, se "algo" não acontecesse. E algo divino
aconteceu: o pai acabou confiando sua educação a uma ama extremamente católica
e a vida de Margarida enveredou por outro caminho. Caminho que a levaria à
santidade.
Cresceu inteligente e muito dedicada às coisas do espírito. Mas o pai começou a
perceber que ela não ia aos cultos ou mesmo ao templo para participar dos
sacrifícios aos deuses. Sem suspeitar que, à noite, ela participava de cultos
cristãos. Como não podia sequer imaginar tal fato, alguém tratou de abrir seus
olhos.
Foi aí que começou o suplício de Margarida. Ele exigiu que ela abandonasse o
cristianismo. Como ela se recusou, primeiro impôs-lhe um severo castigo,
mandando a jovem para o campo, trabalhar ao lado dos escravos. Depois, como nem
a força fazia a filha mudar de idéia, entregou-a ao prefeito local para que
fosse julgada pelo "crime de ser cristã".
O martírio da jovem Margarida foi tão terrível e de resultados tão fantásticos
que se tornou uma das paginas da tradição cristã mais transmitida através dos
séculos. Justamente por ter sido tão cruel, o povo apegou-se de tal forma ao
sofrimento da jovem que à sua narrativa acrescentaram-se fatos lendários. O
certo foi que primeiro ela foi levada à presença do juiz e prefeito e, diante
dele, negou-se a abandonar a fé cristã. Foram horas de pressão e tortura
psicológica que, por fim, viraram tortura física. Margarida foi açoitada,
depois teve o corpo colocado sobre uma trave e rasgado com ganchos de ferro.
Dizem que a população e até mesmo os carrascos protestaram contra a pena
decretada.
No dia seguinte, ela apareceu, sem o menor sinal de sofrimento, na frente do
governante, que. irado com o estranho fato, determinou que ela fosse assada
viva sobre chapas quentes. Novamente, a comoção tomou conta de todos, pois nem
assim a jovem morria ou demonstrava sofrer. Diz a tradição que Margarida teria
sido visitada no cárcere pelo satanás, em forma de um dragão que a engoliu. Mas
Margarida conseguiu sair do seu ventre, firmando contra ele o crucifixo que
trazia nas mãos. Ela foi, então, jogada nas águas de um rio gelado. Quando saiu
de lá viva, com as correntes arrebentadas e sem sinal das torturas aplicadas,
muita gente ajoelhou-se, converteu-se e até se ofereceu para morrer no lugar
dela. Mas o prefeito enfurecido mandou que a decapitassem.
Ela morreu no dia 20 de julho de 290, com a idade de quinze anos. O seu corpo
foi recolhido e levado para um lugar seguro, onde foi enterrado pelos cristãos
convertidos, passando a ser venerada em todo o Oriente. No século X, foi
trasladado para a Itália e desde então seu culto se difundiu também em todo o
Ocidente. De tal modo, que santa Margarida foi incluída entre os "quatorze
santos auxiliadores", aos quais o povo cristão recorre pela intercessão
nos momentos mais difíceis. Santa Margarida é solicitada para proteger as
grávidas nos partos complicados.
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