
Os tempos de Santo Antonio eram difíceis mesmo. O povo tinha muita religiosidade, mas facilmente ia atrás de qualquer um que lhe falasse de Deus. Não atinava muito se era exato ou não o que lhe falavam. As heresias, os erros sobre religião, as superstições ser pejavam por entre esta gente simples. Por isso frei Antônio não media fadigas, não fazia caso do cansaço, contanto que pudesse, através de suas palavras e exemplo. orientar as mulheres, mães de família, os jovens, presa fácil das seduções mundanas, os homens, por vezes cultos nas ciências, mas ignorantes na religião. Um dia, frei Antonio encontrava-se em Rímini, cidade da Itália, quando um herege chamado Bonvillo quis desfiá-lo publicamente fazendo troças das palavras do frade sobre a SSma. Eucaristia, sobre apresenta de Jesus na hóstia sagrada.
-”Ó frade sabichão“, dizia ele em altos brados para que todos o ouvissem. “Chega de dizer bobagens de inventar mentiras, de enganar o povo. Eu nunca acreditarei que Deus possa estar num pedaço de pão. Isso é invenção sua!”
De nada valiam os argumentos teológicos que frei Antônio lhe apresentara, de nada valiam as explicações sobre a Bíblia Sagrada acerca da Santa Ceia, que o santo lhe apresentava. Cada vez mais mostrava-se empedernido em suas idéias. A certo ponto, mais por troca do que por convicção, resolveu lançar um desafio.
-Ó frade !, gritou a alto e bom som.Eu acreditarei na sua Eucaristia, mas exijo uma prova.
Frei Antonio sentiu que algo de bom finalmente poderia acontecer. “quem sabe”, pensava consigo, “aquele homem poderá abrir-se á voz do Senhor, ao brilho da verdade?…” O santo ficou todo ouvido.
-Ó frade Antonio!, gritou Bovillo. O que lhe proponho é o seguinte: vou deixar minha mula três dias sem comer, sem tomar o seu alimento preferido, o cheiroso feno do campo. E vós, ó frade Antônio, podereis trazer diante dela o que dizeis ser alimento dos cristãos, eucaristia, hóstia sagrada, na qual, vós dizeis, está presente o Senhor Jesus. Pois bem… “Se a mula se ajoelhar reverente diante do Senhor Jesus que afirmas estar presente na hóstia, aí sim, eu acreditarei.”
Um silêncio profundo se fez na imensa praça de Rímini… Um calafrio passou pelas veias de frei Antônio. O povo católico, silencioso. angustiado mesmo, esperava,trepidante, algum desfecho para aquele estranho e provocante desafio.
E Bonvillo continuou em alta voz:
-”E digo mais, ó frade Antônio, se a mula se ajoelhar diante daquilo que vós chamai Santíssimo Sacramento, eu também me ajoelharei”.
Um “oh” exclamativo e cheio de temor ecoou espontaneamente no ar, fazendo um só coro, submisso mas suficientemente forte para ser ouvido por todos. A expectativa era grande. O silêncio era angustiante. De repente…
- Aceito, ó Bonvillo !Aceito o seu desafio se é para o bem de sua alma, se é para o bem do povo de Deus aqui reunido, se é para a glória e honra de Deus.
Era a voz firme e segura de frei Antônio.
O povo respiro aliviado. No silêncio seguinte ouviu-se a voz escancarada de Bonvillo.
-Daqui a três dias, hein, daqui a três dias!
E uma sonora gargalhada espalhou-se pelos ares.
Na hora e no dia marcado, a praça já estava toda tomada de uma imensa multidão. quem viera por devoção, quem viera por simples curiosidade, lá estavam todos na espectativa do que podia acontecer. Um hino eucarístico começou-se a ouvir na catedral em frente á praça. Em seguida, frei Antônio liturgicamente vestido traz consigo um lindo ostensório em cujo centro brilha a hóstia sagrada, Joelhos reverentes se dobram ao passar da procissão. Sobre um altar preparado no centro da praça, frei Antônio coloca o Santíssimo Sacramento e, de joelhos, o adora reverente…
Não demorou muito e lá veio berrando e gritando e empurrando sua pobre mula o fanático Bovillo. Trazia nas costas um saco cheio de feno cheiroso. Chegando perto do altar espalhou ao lado o feno cheiroso. Frei Antônio, recolhido, permanecia em oração. Quando Bonvillo soltou a mula, já todo sorridente prevendo o desfecho da caminhada do animal faminto, seus olhos não acreditavam vendo a mula não se movia do lado de frei Antônio. Em vão começou o herege a empurrá-la para o lado da erva fresca e cheirosa.Brandia nos ares o chicote, mas tudo era inútil.Frei Antônio levanta-se, vai e começa a abençoar a multidão que piedosa, se ajoelha. Naquele mesmo instante, como se estivesse acompanhando o povo cheia de fé, também a mula dobra reverentes as duas patas dianteiras enquanto as campainhas soavam sinais da bênção eucarística. Único em pé, lá estava Bovillo. Mas a graça lhe tocou o coração. Cheio de lágrimas, mas também ele dobrou seus joelhos e exclamou comovido cantando com a multidão:
Bendito louvado seja o Santíssimi Sacramento!
E fez-se cristão. Cristão católico.
REFERENCIA: O REPÓRTER DE CRISTO
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